Os dias de folia não são considerados feriado, a não ser que haja leis municipais ou estaduais que oficializem a folga; veja se os funcionários podem negociar com a empresa e o que acontece em caso de falta.
Por Marta Cavallini, G1
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Apesar de muitos brasileiros emendarem os quatro dias para aproveitar a folia ou simplesmente descansar, o carnaval não é considerado feriado nacional.
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Os bancos, por exemplo, não abrem nesses dias e só reabrem às 12h da
Quarta-Feira de Cinzas, assim como as repartições públicas. Apesar
disso, as empresas podem ter expediente normal e exigir que seus
funcionários trabalhem.
O carnaval só é considerado feriado se estiver previsto em lei estadual
ou municipal. No estado do Rio de Janeiro, por exemplo, a terça-feira
de carnaval foi declarada feriado estadual por meio da Lei 5243/2008.
Nas localidades onde a data não é considerada feriado, a segunda e a
terça-feira, além da Quarta-Feira de Cinzas, podem ser ou não definidas
como pontos facultativos.
Na prática, empresas e funcionários podem fazer acordo sobre os dias a serem trabalhados e as formas de compensação das horas.
"Fica por conta da empresa funcionar normalmente ou dispensar seus
trabalhadores. Havendo a liberação espontânea por parte do empregador,
não pode haver prejuízo na remuneração do empregado. Contudo, o
empregador pode, também, acordar com seus empregados uma compensação de
jornada para aqueles dias em que permitiu a folga de carnaval", explica a
advogada trabalhista Mayara Gaze, do escritório Alcoforado Advogados
Associados.
Nos estados e municípios onde o carnaval é feriado oficial, via de
regra, o trabalhador que não é dispensado receberá o pagamento daquele
dia trabalhado em dobro. Mas outro tipo de compensação poderá ser
combinado previamente via Acordo Coletivo de Trabalho, como por exemplo,
anotação em banco de horas.
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Veja abaixo o tira-dúvidas sobre o assunto:
O que pode acontecer se não há lei que determina feriado no carnaval?
De acordo com a advogada Raquel Rieger, do escritório Roberto Caldas,
Mauro Menezes & Advogados, se não houver lei que estipula feriado no
carnaval, o patrão pode dispensar os funcionários do trabalho mesmo
sendo considerado dia útil, pedir a compensação das horas não
trabalhadas em outro dia ou até descontar os dias não trabalhados do
salário.
Então eu posso “enforcar” a segunda e a Quarta-Feira de Cinzas?
Raquel Rieger lembra que a segunda-feira e a Quarta-Feira de Cinzas
podem ser “enforcadas”, desde que com a permissão das empresas. E se
houver trabalho nesses dias, não haverá o acréscimo de pelo menos 100%
pelo dia trabalhado, já que não se trata de feriado.
Se a empresa não conceder folga e eu faltar, posso ser mandado embora?
De acordo com o advogado trabalhista Rodrigo Luiz da Silva, do Stuchi
Advogados, se o funcionário decidir faltar, a empresa poderá descontar
os dias de falta do salário, aplicar sanções disciplinares como
advertências ou suspensões ou até demiti-lo, mas a empresa deverá
observar se houve reincidências ou se outras penalidades já foram
aplicadas anteriormente ao empregado.
A especialista em direito trabalhista Maria Lúcia Benhame diz que o
funcionário perderá ainda o descanso semanal remunerado. Ela ressalta,
entretanto, que não há possibilidade de haver demissão por justa causa.
Se a terça-feira for considerada feriado e eu tiver que trabalhar, a empresa pagará o dobro pelas horas trabalhadas?
De acordo com a advogada Maria Lúcia Benhame, nas cidades em que o
carnaval for feriado local, os empregados que trabalharem nesses dias
deverão ter folga compensatória em outro dia da semana. Se isso não
ocorrer, deverão receber as horas extras trabalhadas com o acréscimo de
pelo menos 100% ou mais, se isso estiver previsto na convenção coletiva
da categoria do trabalhador.
Segundo ela, a nova lei trabalhista permite que as empresas troquem o
dia a ser trabalhado. No caso, podem determinar que os funcionários
trabalhem na terça e posteriormente compensem as horas trabalhadas com
folga em outro dia. Mas para isso acontecer, é necessário aprovação
mediante convenção (negociação entre os sindicatos dos empregados e de
empregadores) ou de acordo coletivo (entre sindicato e empregador).Maria Lúcia ressalta que, caso o empregado trabalhe no feriado com o
acordo de que irá folgar em outro dia, ele não receberá a mais pelo
feriado que trabalhar.
Se a terça-feira não for considerada feriado, mas a empresa me chamar para trabalhar, ganharei folga depois?
Segundo Maria Lúcia Benhame, a segunda e a terça-feira de carnaval são
considerados dias úteis não trabalhados, portanto, quem trabalha nesse
período não tem direito a receber horas extras nem a ter folgas
compensatórias.
Se a empresa der os dias de carnaval de folga, terei de compensar depois?
Segundo Maria Lúcia, nas localidades em que o carnaval não é feriado,
as empresas exigirão que essas horas não trabalhadas sejam compensadas
posteriormente. Além disso, os funcionários não receberão o acréscimo de
pelo menos 100% pelos dias trabalhados.
Como funciona essa compensação dos dias que não trabalhei no carnaval?
Segundo Danilo Pieri Pereira, advogado trabalhista e sócio do Baraldi
Mélega Advogados, com a nova lei trabalhista, há a possibilidade de
compensação dentro do mesmo mês. Caso o funcionário folgue nos dias de
carnaval, a empresa poderá exigir que ele cumpra essas horas descansadas
em outros dias (com exceção do domingo), respeitado o limite máximo de
duas horas extras diárias.
Essas horas não trabalhadas podem ir para o banco de horas?
Se a segunda e terça-feira de carnaval não são feriados e o funcionário
folgar, esses dias não trabalhados podem entrar no banco de horas como
horas-débito, e o funcionário tem que compensar isso dentro do prazo
estipulado em acordo com a empresa.
Segundo Maria Lúcia, a empresa pode determinar inclusive que os
funcionários trabalhem aos sábados, por exemplo. A compensação dentro do
mês é automática, sem necessidade de acordo prévio. Se a compensação
for feita em até 6 meses, precisa de acordo direto com o empregador. Se
for pelos próximos 12 meses, tem que haver acordo envolvendo os
sindicatos.Maria Lúcia ressalta que feriados e domingos (quando não são dias
normais de trabalho) não entram nos bancos de horas - ou são compensados
por outro dia ou são pagos com o acréscimo de pelo menos 100% pelo dia
trabalhado.
A empresa que previa folgas no carnaval pode decidir mudar a regra de uma hora para outra?
Mayara Gaze alerta que o empregador deve atentar para a prática da
empresa, pois, quando há a quebra de padrão, há também a quebra do
contrato de trabalho, o que pode levar a complicações jurídicas.
"Por exemplo, se há mais de 4 anos a empresa dispensa espontaneamente
seus funcionários durantes os dias de carnaval e depois passa a exigir o
trabalho no período, havendo ou não a respectiva compensação, conforme o
caso, haverá quebra do contrato de trabalho e novo documento deverá ser
assinado pelas partes, contendo com as novas regras da empresa",
esclarece a advogada.
Como funciona o carnaval entre os servidores públicos?
De acordo com a advogada trabalhista Mayara Gaze, os servidores
públicos do Poder Executivo são liberados, em regra, por meio de
portarias, no âmbito de cada esfera de governo, seja ele federal,
estadual ou municipal. É comum que seja decretado ponto facultativo na
segunda, terça e na Quarta–Feira de Cinzas até as 12h. "Já os Poderes
Legislativo e Judiciário têm seus próprios calendários", diz a
especialista.
Como funciona para quem trabalha no regime 12x36 horas?
Segundo Raquel Rieger, para os trabalhadores que fazem a jornada 12
horas trabalhadas seguidas de 36 horas de folga, a lei já prevê
compensações nesse regime de jornada, não havendo previsão de pagamento
de horas extras se houver trabalho no dia de feriado.
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