Passagem de pedestres não é permitida pela aduana. Venezuelanos usam caminhos alternativos, as chamadas trincheiras, para atravessar a pé.
Por Alan Chaves/G1
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/7/k/48anD1TmW7nygVfic1Lw/fronteira-venezuela.jpeg)
A fronteira da Venezuela com o Brasil segue fechada na manhã desta sexta-feira (22), após Nicolás Maduro determinar o bloqueio por tempo indeterminado.
Normalmente, a passagem é fechada à noite e reabre por volta das 7h do
dia seguinte (horário local, às 8h de Brasília), o que não aconteceu
nesta manhã.
Venezuelanos não podem atravessar a fronteira a pé e nem de carro. No entanto, o G1 conseguiu
observar um grupo de venezuelanos que usou uma rota alternativa, as
chamadas trincheiras. São pelo menos duas alternativas para quem quer
entrar no Brasil, uma delas muito próxima ao posto oficial de controle
dos dois países.
Do lado brasileiro, o trânsito é liberado, mas quem tenta entrar na
Venezuela não consegue autorização de militares do país vizinho. Por
volta das 8h20, um grupo de cerca de 50 pessoas e três carros tentou
passar na aduana, mas foi impedido de entrar na Venezuela.
A bandeira da Venezuela, que normalmente é hasteada por volta das 6
horas, também não foi erguida por oficiais na fronteira. A barreira
brasileira, no entanto, foi reaberta normalmente.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/2/X/1kqB3kRCC2CsyxDWHd2A/diana-venezuelanos.jpeg)
"Vim com meus amigos e não sabíamos que a fronteira seria fechada como
foi hoje. Totalmente. Como nós não queríamos perder a viagem, vimos
pelas trincheiras", afirmou a venezuelana Diana Astudillo, de 23 anos.
Ela saiu a cidade de Maturín e viajou 48 horas até a fronteira com um
grupo de sete amigos venezuelanos. Ela afirmou que pretende ir até Boa
Vista, mas que deve ficar em Pacaraima até conseguir a documentação
necessária para ficar no Brasil.Na quinta-feira, grupos de venezuelanos que cruzaram a fronteira antes
das 20h (horário local, 21h em Brasília) foram informados pela Guarda
Venezuelana de que não poderiam retornar após o horário definido por
Maduro. Na noite da quinta-feira (21), pedestres conseguiam cruzar a
fronteira, mas a passagem de veículos estava proibida.
Do fim da tarde até o início da noite, por volta das 19h (20h de
Brasília), houve uma intensa movimentação de carros carregados com
compras saindo de Pacaraima a Santa Elena. Uma fila chegou a se formar
próximo à área de fiscalização venezuelana.
O fechamento ocorre onde seria um dos pontos de coleta dos
carregamentos de comida, remédio e itens de higiene básica enviados à
população venezuelana.
Ajuda humanitária
O presidente venezuelano determinou o fechamento para tentar barrar a
ajuda humanitária oferecida pelos EUA e por países vizinhos, incluindo o Brasil, após pedido do autoproclamado presidente interino Juan Guaidó. Maduro vê a oferta dessa ajuda como uma interferência externa na política da Venezuela.
Durante a tarde, após o anúncio do fechamento, venezuelanos correram para Pacaraima, cidade brasileira na fronteira, para comprar estoques de mantimentos. Um comerciante da região relatou aumento de 30% no movimento em relação a “dias comuns”.
O porta-voz do presidente Jair Bolsonaro (PSL), Otávio Rêgo Barros, disse que a ajuda humanitária está mantida.
Desabastecimento em Roraima
Na noite da quinta-feira, o governador de Roraima, Antônio Denarium (PSL), disse que cidades do estado podem ter falta de gasolina por causa do fechamento da fronteira.
"Em Pacaraima nem há postos de combustível porque a gasolina na
Venezuela é muito barata, o valor é irrisório. E, se por acaso for
fechada a fronteira, tanto Pacaraima e Santa Helena também podem ter
problemas de abastecimento", declarou Denarium.De acordo com o governador, o estado também recebe fertilizantes e
calcário da Venezuela e, se a fronteira for fechada, o abastecimento da
agricultura será prejudicado.
Ainda segundo Denarium, 50% da energia consumida no estado é produzida na Venezuela e uma das preocupações é que as relações com o país vizinho levem também ao fim do fornecimento de energia.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/4/N/BmWORiQ36xv6FpmAnUJw/fronteira-brasil-venezuela-v2.jpg)
Nenhum comentário:
Postar um comentário