segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Alimentação influencia nas chances de engravidar? Veja como a rotina afeta a fertilidade feminina

Conversamos com um especialista em reprodução assistida para saber o que pode causar dificuldades ao tentar engravidar e quais hábitos você precisa deixar para trás para facilitar esse processo. 


 Muitas mulheres que sonham em ter filhos se deparam com uma situação que nunca é confortável: a dificuldade de engravidar. Os motivos que podem gerar isso são muitos, fato, mas o mais importante é começar esse processo por eliminação do básico, a dieta e uma rotina saudável. Qual a relação entre fertilidade e alimentação? Bem, exploramos um pouco mais esse tópico, além de tirarmos algumas dúvidas sobre o assunto, com a ajuda do Dr. Matheus Roque, especialista em reprodução assistida.

O primeiro passo, porém, é reconhecer quando você deve buscar ajuda profissional para engravidar - porque os métodos tradicionais e o cuidado diário parecem não dar efeito. Segundo o profissional, o casal que esteja tentando ter filhos de forma natural há pelo menos 1 ano, sem resultados, deve buscar ajuda médica. Para mulheres a partir dos 35 anos, esse tempo diminui: o indicado é ir ao médico depois de 6 meses tentando, sem sucesso. “Caso existam históricos no casal de doenças prévias relacionadas à infertilidade, esta procura pode ser imediata quando desejarem engravidar para uma adequada avaliação”, completa ele.
Alimentação afeta as chances de engravidar?
Segundo o Dr. Roque, as taxas de fertilidade são menores em mulheres que são magras demais ou obesas. O principal ponto de atenção, segundo ele, é o tempo que leva para uma mulher em um desses extremos conseguir engravidar. Ele é dobrado para uma mulher com um índice de massa corporal (IMC) acima do 35, e até quatro vezes maior para aquelas com um IMC abaixo de 19.
Um estilo de vida saudável, com uma alimentação equilibrada, pode ajudar a melhorar a fertilidade em mulheres que sofrem de algum tipo de disfunção ovulatória, como a síndrome do ovário policístico, mas não existem provas de que alterações diretas na sua dieta, como dietas vegetarianas ou veganas, com baixo teor de gordura ou enriquecidas com vitaminas, antixoxidantes ou fitoterápicos melhores a capacidade de fertilização.
Existem alimentos “proibidos” para quem deseja engravidar?
É óbvio que uma vida de excessos ou falta de nutrientes não é ideal para ninguém, sob nenhuma circunstância, mas segundo o especialista não existem alimentos proibidos para o período de tentativa de gestação. “O importante é manter um estilo de vida saudável, com uma alimentação balanceada”, diz ele.
Quais hábitos devem ser repensados, se a mulher deseja engravidar?
Parece óbvio falar sobre isso mais uma vez, mas é importante ressaltar o quanto um estilo de vida equilibrado têm um efeito no organismo de qualquer pessoa. A mulher que espera ter um bebê em breve deve manter em mente esse equilíbrio, combinando uma dieta balanceada com uma rotina de exercícios físicos. Além disso, repensar o cigarro, o álcool e as drogas ilícitas é necessário para quem pretende ter um bebê - já que o consumo desses itens afeta o nível de fertilidade da mulher mais diretamente do que a alimentação, por exemplo.
Qual o papel dos exercícios físicos nesse processo?
“Os exercícios físicos, em primeiro lugar, estão associados a um bem-estar e diminuição dos níveis de ansiedade e estresse que podem auxiliar no processo de gravidez. Além disso, com o controle do peso, existe um melhor funcionamento do sistema hormonal e diminuição dos níveis de estresse oxidativo associados a aumento nas taxas de gravidez”, explica o Dr. Roque.
Colocar atividades físicas na rotina é especialmente importante para mulheres que sofrem da síndrome do ovário policístico, já que apresentam alterações hormonais que fazem com que elas não ovulem com regularidade. Por isso o controle do peso e os exercícios são a primeira recomendação de tratamento para estas pacientes.
Afinal, por que algumas mulheres têm tanta dificuldade para engravidar?
De acordo com o médico, as principais causas de infertilidade, hoje em dia, são ligadas à problemas de ovulação, nas tubas uterinas, endometriose e a idade da mulher em questão.
Vamos olhar mais de perto para cada uma delas:
 
Ovulação: “existem mulheres que não ovulam regularmente (anovulação), apresentando ciclos menstruais irregulares ou mesmo ausentes. Para uma gravidez natural, é fundamental que a mulher esteja ovulando espontaneamente para que este óvulo possa ser captado pela tuba uterina para que ocorra o encontro dos espermatozoides com o óvulos e posterior fecundação. A principal causa de anovulação é a síndrome dos ovários policísticos”, explica o Dr. Roque. 
 
Tubas uterinas: “as alterações nas tubas podem ser causadas por infecções, pela endometriose ou por processo cirúrgico (laqueadura) e podem levar à dificuldade / impossibilidade de gravidez ou então ao risco aumentado de gestação ectópica (quando a gestação desenvolve-se na tuba uterina e não no útero). O funcionamento adequado de pelo menos 1 das tubas uterinas é fundamental para uma gestação natural, pois é na tuba que ocorre o encontro dos espermatozoides com o óvulo e a posterior fertilização (quando 1 espermatozoide penetra no óvulo) com a formação do embrião. É na tuba uterina que ocorrem as primeiras divisões do embrião, que chegará ao útero por volta de 5 a 6 dias após a fertilização. Assim, a tuba além de permitir o encontro dos espermatozoides com o óvulo também é fundamental para o transporte do embrião até o útero para que possa ocorrer a implantação e a gravidez se desenvolver”.
 
Endometriose: “está associada a um processo inflamatório que pode levar à aderências, alterações nas tubas uterinas, alterações na qualidade dos óvulos e também na piora do endométrio (camada que recobre o útero e onde o embrião implanta-se para que a gravidez se desenvolva)”.
Idade da mulher: “as mulheres estão postergando a gravidez, e com o avançar da idade ocorre uma diminuição importante na quantidade e na qualidade dos óvulos. A maioria das pessoas apenas relaciona a idade da mulher (em termos reprodutivos) com a menopausa. Porém, mais importante ainda é que não apenas a quantidade mas também a qualidade dos óvulos diminui de maneira importante e progressiva, principalmente após os 36 anos, levando a uma diminuição na chance de gravidez, assim aumentando o risco de aborto e doenças genéticas”, finaliza o médico.
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Gravidez é um assunto sério - apesar de lindo e muito gratificante -, porque mexe diretamente com a saúde da mãe e do próprio bebê. Por isso as recomendações de um check up e de uma rotina saudável são tão comuns para quem está pensando em engravidar. E, claro, essas recomendações pela adoção de um estilo de vida saudável não são responsabilidade apenas das mulheres: os homens, que também fazem parte desse processo, devem se cuidar igualmente, garantindo a saúde e bom funcionamento do corpo para que a gravidez seja bem sucedida. Afinal, é um erro acreditar que apenas um dos lados é responsável por uma gestação, certo?

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