terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Açude Castanhão sofre com a longa seca e tem situação delicada


O açude Castanhão, maior reservatório do Estado do Ceará e do Brasil, sofre. Na Capital, distante 250 quilômetros dele, com água correndo solta nas torneiras, poucos devem escutar os gemidos do gigante pelo encanamento.
A aflição é reforçada pelo Relatório de Monitoramento das Secas no Brasil, apresentado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), na última semana, sobre os impactos no ano de 2018. A constatação é dramática: ano a ano, o Castanhão míngua.
Hoje, ele está com 4,01% de sua capacidade total, como mede o Portal Hidrológico do Ceará. O número se assemelha aos 4,59% que tinha na primeira quinzena de 2004. A diferença é que, naquele ano, ele ainda resguardava força: afinal, ainda estava se erguendo, apenas um ano após sua inauguração, em Alto Santo. Agora, castigado por sete anos de seca, o gigante está de joelhos. "O açude Castanhão, em janeiro de 2018, apresentou um volume armazenado de 2,64% de sua capacidade total, e, no fim da estação chuvosa (maio de 2018), atingiu seu maior nível, chegando a 8,7%. Porém, a partir do mês de maio, o volume armazenado no Castanhão foi diminuindo", descreve o Cemaden. Conforme o órgão nacional, as reservas hídricas "entraram em colapso", registrando "os menores valores de suas séries históricas".Apreensão
O atual leito rochoso mal lembra o açude corpulento levantado pelas fortes chuvas de 2004 e 2009. Desde 2012, o volume só cai (vide infográfico) porque as chuvas anuais não apresentaram recargas significativas. Para o coordenador do Complexo do Castanhão, administrado pelo Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), Fernando Pimentel, a situação é grave - e sem perspectivas de melhora a curto prazo.
"Atualmente, ele está com 270 milhões de metros cúbicos. Já estamos na cota 70, ou seja, a gente se encontra num volume morto, e a expectativa não é nada favorável pra ganharmos um novo aporte", declara o gestor.
Fernando lembra que o açude perde cerca de 1 milhão de metros cúbicos diariamente (em dias mais ensolarados e propícios à evaporação, o número é ainda maior), perdendo, no mesmo período, 4 centímetros de altura, como atesta a régua da coluna d'água.
Mesmo abalado, o açude ainda espalha suas águas para Fortaleza e municípios vizinhos, além de contemplar populações ribeirinhas. Segundo Pimentel, um quadro chuvoso semelhante ao de 2018 poderia "nos garantir mais um ano de abastecimento".

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