sábado, 6 de janeiro de 2018

Doença rara que afeta caçadores de tatu mata duas pessoas em Independência, no Ceará

Pacientes com a 'febre do vale' morreram dias após o diagnóstico. Ceará teve 10 casos da doença em 2017.

Município de Independência, no Ceará, registrou duas mortes e cinco casos da 'febre do vale' em quatro meses (Foto: Arquivo pessoal)

Duas pessoas morreram vítima de uma doença rara conhecida como “febre do vale”, em 2017, no Ceará. Dez casos da doença foram registrados no ano passado, sendo metade deles proveniente do município de Independência. A Secretaria da Saúde enviou uma equipe de campo para distritos do município a fim de orientar e investigar casos suspeitos.


A febre do vale é uma infecção causada pelo fungo Coccidioides posadasii, registrada no Brasil desde a década de 1990. Segundo Rita Cecília Martins Galvão, médica do município de Independência que atendeu os casos, a região do Nordeste, por ser semirárida, é considerada uma região endêmica desse fungo.

Caça de tatus Caçadores de tatu se expõem ao fungo que causa a febre do vale quando entram na toca do animal para capturá-lo (Foto: Foto: Sauena Novaes/ Você no TG)

Os casos registrados no Ceará estão relacionados principalmente à caça de tatus no interior. As duas pessoas mortas pela doença tinham histórico de prática da caça, segundo a médica. De acordo com a secretaria, o adoecimento pode acontecer com a exposição a partículas infectantes presentes no solo. Porém, essa exposição deve ser intensa.

“O exemplo mais comum é a prática de caçar tatus em que o caçador entra na toca em busca do animal e se expõe ao fungo”, explica a secretaria.

Ainda de acordo com a médica Cecília Martins, trabalhadores da construção civil, agricultores e pessoas que ficam expostas intensamente ao solo estão sujeitas à inalação do fungo. Conforme a médica, a doença não é contagiosa.

“A maioria dos casos é assintomático e se resolve espontaneamente. Os sintomas são de infecção respiratório aguda: tosse, febre. Normalmente, eles se resolvem espontaneamente, mas em uma parcela pequena, eles progridem. Esses casos que progridem ou tem comprometimento pulmonar ou podem levar à óbito”, esclarece a médica.

Os casos de Independência foram registrados de setembro a dezembro, e as mortes ocorreram em um intervalo curto após a internação do paciente.

“Em independência, os recursos para o diagnóstico da doença são limitados. Os pacientes são encaminhados para o hospital São José [em Fortaleza], e iniciam tratamento lá. Cinco casos é considerado muito porque é uma doença rara. No Ceará, não tem 100 casos registrados”, destaca Cecília Martins. 
Fonte: G1



 

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