Aconteceu no último sábado (09/03) no Cetreso em Sobral com a presença
do Bispo Diocesano Dom Vasconcelos, o I Encontro Vocaional com os
candidatos ao Diaconado Permanente.
Da cidade de Ipu participaram do I Encontro Vocacional com os candidatos
ao Diaconado Permanente; os jovens Mário Luiz e Ivanildo Martins.
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Ipuenses destacados na foto. |
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Bispo Diocesano Dom Luiz José Gomes de Vasconcelos. |
O que é Diaconato?
O
Diaconato é o primeiro grau do Sacramento da Ordem. Os outros dois
graus são o presbiterato e o episcopado; desta maneira, diáconos,
presbíteros e bispos compõem a hierarquia da Igreja.
Para
os diáconos, as mãos lhes são impostas para o ministério e não para o
sacerdócio. Com a ordenação o Diácono deixa sua condição de leigo e
passa a fazer parte do clero. Esse Sacramento imprime caráter, que o faz
Diácono por toda a eternidade.
O Diaconato é coisa nova na Igreja?
Não.
O Diaconato foi instituído pelos apóstolos. Podemos ver em Atos 6,1-6 a
imposição de mãos sobre os primeiros sete Diáconos: Filipe, Prócoro,
Nicanor, Tímon, Pármenas, Nicolau e Estevão que foi o primeiro mártir
(At. 6,8-7,60). Permaneceu florescente na Igreja do Ocidente até o
século V, depois por várias razões desapareceu.
Quando foi restabelecido?
O Diaconato Permanente foi restabelecido pelo Concílio Vaticano II.
Inicialmente foi regulamentado pelo Papa Paulo VI em 1967 no Motu
Próprio “Sacrum Diaconatus Ordinem”. Em 31 de março daquele ano foram
promulgados pela Congregação para o Clero as “Normas Fundamentais para a
Formação dos Diáconos Permanentes” e “O Diretório do Ministério e da
Vida dos Diáconos Permanentes”. Estes documentos deixam explícitos que
“a restauração do Diaconato Permanente numa nação não implica a
obrigação da sua restauração em todas as dioceses. Compete
exclusivamente ao Bispo Diocesano restaurá-lo ou não”.
Por que permanente? Existem
dois tipos de Diáconos. O Diácono Transitório é aquele que recebe o
Sacramento da Ordem no grau do Diaconato para depois receber o segundo
grau e tornar-se presbítero, ou padre conforme costumamos dizer. O
Diácono Dermanente sendo casado não pode ascender ao grau superior,
ficando permanentemente como Diácono.
O que é necessário para se tornar Diácono? As
normas da Igreja fazem algumas exigências: a formação deve durar pelo
menos três anos (no mínimo mil horas) e deve conter obrigatoriamente
Teologia Bíblica, Dogmática, Litúrgica e Pastoral; o candidato deve
estar casado há no mínimo cinco anos; idade mínima de 35 anos. Vida
matrimonial e eclesial exemplares. Autorização verbal da esposa no
momento da ordenação e por escrito, arquivada no processo. Todas as
dioceses têm normas específicas, exemplo: segundo grau completo,
situação econômica estável, indicação do pároco, entrevistas com o Bispo
(inclusive esposas), idade superior a trinta e cinco anos, retiros
espirituais para que se possa meditar sobre sua vocação; estar
intimamente ligado a uma paróquia onde venha prestando valiosos
serviços; complementar seus estudos com Teologia Moral, Fundamental e
Dogmática, Sagrada Escritura, Liturgia e Espiritualidade, História da
Igreja, Direito Canônico e Mariologia, além de Teologia Pastoral. Ser
homem de oração e assíduo na frequência aos sacramentos.
Quero me tornar Diácono. O que devo fazer? O pároco do pretendente ou o bispo ordinário são as pessoas mais indicadas para darem informações mais precisas.
Geralmente
o pároco apresenta os candidatos à diocese e o bispo aceita ou não a
indicação. É bom salientar que fazer o curso de Teologia ou Escola
Diaconal não dá direito à ordenação. Isto fica a critério do bispo que
ouve os responsáveis pela formação.
Os
que se sentem vocacionados a qualquer ministério da Igreja, colocam-se à
disposição da Igreja com espírito de servir. Cabe à Igreja, mediada por
seus representantes (pároco e/ou bispo) discernir sobre a verdadeira
vocação do postulante. Não basta ter a formação adequada e sentir-se
interiormente chamado. Trata-se aqui de uma vocação a um serviço ao povo
de Deus e esta vocação passa pelo discernimento do bispo diocesano.
Alguém pode se apresentar como candidato ao Diaconato? De
modo geral o candidato é escolhido entre aqueles que se sobressaem na
comunidade por sua espiritualidade e engajamento na paróquia, todavia,
nada impede que alguém explicite ao pároco ou mesmo ao Bispo Diocesano
sua vocação de servir à Igreja como ministro ordenado.
Quais são as funções do Diácono? DIACONIA
quer dizer SERVIÇO, então o Diácono é ordenado para SERVIR. Faz parte
do ministério do Cristo Servo, “que veio para servir e não para ser
servido”. A Lumem Gentium diz que: servem o povo de Deus na Diaconia da
Liturgia, da Palavra e da Caridade (LG 29). Na Liturgia Eucarística o
Diácono tem funções próprias: propor as orações dos fiéis, servir o
altar, proclamar o Evangelho, convidar para o abraço da paz, purificar
os vasos sagrados e fazer a despedida. Deve, ainda, incentivar a
assembléia para uma participação correta e efetiva na Divina Liturgia.
O Diácono pode exercer seu ministério em qualquer paróquia? Teoricamente
pode exercer seu ministério em qualquer lugar do mundo, afinal de
contas ele recebeu um sacramento válido e a Igreja é Una, Santa e
Católica, ou seja, é UNIVERSAL, no entanto o Diácono está intimamente
ligado ao Bispo Diocesano a quem deve plena obediência. O Bispo pode
colocá-lo como auxiliar de um pároco, contudo, ele tem a faculdade de
auxiliar em outra paróquia desde que disponha de tempo e tenha a
autorização do titular competente. Pode, ainda, dirigir uma paróquia na
condição de vigário, jamais como pároco. (Cân. 517, § 2)
Porque a estola do Diácono é diferente? A
estola do sacerdote desce verticalmente ao longo do corpo para mostrar a
verticalidade de seu ministério. Sendo pontífice ele faz ponte, faz
ligação entre Deus e o homem através do sacrifício apresentado a Deus in
persona Christi. O ministério do Diácono é voltado para o serviço à
comunidade. A estola atravessada no peito mostra a horizontalidade de
suas funções. É a toalha daquele que serve (Jo. 13,4).
Como fica a vida matrimonial do Diácono? Os
documentos de “Santo Domingo” nos dizem que o Diácono Permanente é o
único a viver a dupla sacramentalidade – da Ordem e do Matrimônio. Um
não elimina o outro. A vida matrimonial é, portanto vivida em sua
plenitude. Esta é a razão pela qual a esposa tem que autorizar, por
escrito e de viva voz, no momento da ordenação, que o Bispo tem a sua
autorização irrevogável para ordenar seu marido.
O Diácono recebe ordenado ou remuneração pelo serviço? Absolutamente
NADA. Todo seu trabalho é uma doação à Igreja, no entanto nada impede
que seja ressarcido de todos os gastos que venha a fazer como, por
exemplo, o combustível que gasta em suas locomoções para o exercício de
seu ministério (Cânon 281, § 3). Geralmente o Diácono, além de nada
receber, presta sua ajuda pecuniária à paróquia onde presta seus
serviços e, muitas vezes, também paga o dízimo
Então o Diácono só não pode consagrar? Não
é assim. O Diácono é ordenado para o serviço e não para o sacerdócio.
Na realidade o diácono é ministro ordinário de apenas um Sacramento: o
do Batismo. é também ministro ordinário da Comunhão Eucarística. Pode
ainda ministrar todos os sacramentais; dar as bênçãos próprias de
ministro ordenado, conforme o Cânon 1169 (objetos de devoção, casas,
automóveis, etc.), inclusive a bênção com o Santíssimo Sacramento (Cânon
943). Tem ainda a faculdade de presidir à celebração do Matrimônio.
Há muitos Diáconos permanentes no Brasil? O Brasil conta hoje com cerca de 3.400 Diáconos Permanentes.
Existe uma Diretoria como a CNBB para os Bispos?
Sim.
Existe a diretoria da Comissão Nacional dos Diáconos (CND). Existe
também em cada Regional da CNBB uma Comissão Regional dos Diáconos
(CRD), e. em cada diocese, há a Comissão Diocesana dos Diáconos (CDD).
Repórter Francisco José